evasão e elisão fiscal

Qual a diferença entre evasão e elisão fiscal?

A elisão e a evasão fiscal são dois termos que frequentemente surgem no mundo dos tributos, mas que possuem significados diferentes. É importante compreender a diferença entre esses dois conceitos para evitar problemas com a Receita Federal e garantir que o pagamento de tributos seja realizado de forma correta.

A elisão fiscal é uma prática lícita que consiste em utilizar brechas na legislação tributária para reduzir a carga tributária. Ou seja, trata-se de uma estratégia de planejamento tributário que visa minimizar os impostos devidos, sem cometer qualquer tipo de irregularidade fiscal.

Já a evasão fiscal é uma prática ilegal, que consiste em sonegar impostos ou fraudar declarações para pagar menos tributos do que o devido.

Vamos entender a diferença prática entre eles.

Definições Básicas

A clear distinction between tax evasion and tax avoidance is illustrated through two separate paths diverging in opposite directions

O que é Elisão Fiscal

Elisão fiscal refere-se ao conjunto de estratégias e planejamento tributário adotados por contribuintes de forma lícita para reduzir a carga tributária. Envolve a utilização de mecanismos legais para minimizar o pagamento de tributos, respeitando a legalidade e as normas fiscais estabelecidas. 

A elisão fiscal busca, portanto, otimizar a gestão financeira e fiscal das empresas, garantindo a conformidade com as leis tributárias. Afinal, o contribuinte não é obrigado a escolher, dentro das normas vigentes, a modelagem fiscal mais onerosa.

Essa prática é permitida pela legislação tributária, que prevê diversas formas de redução de impostos, como a utilização de incentivos fiscais e a escolha do regime tributário mais adequado para a empresa.

No entanto, é importante destacar que a elisão fiscal deve ser realizada de forma ética e transparente, sem recorrer a artifícios fraudulentos ou simulações para evitar o pagamento de tributos. 

Caso contrário, a prática pode ser considerada ilícita e enquadrada como evasão fiscal.

Podemos citar como exemplos de Elisão Fiscal:

  1. Deduções Fiscais: Aproveitamento de todas as deduções fiscais permitidas, como despesas operacionais, depreciação e contribuições para a previdência, para diminuir a renda tributável.

  2. Incentivos Fiscais: Utilização de incentivos fiscais oferecidos pelo governo, como reduções ou isenções de impostos para investimentos em áreas específicas, pesquisa e desenvolvimento, ou para a promoção de energia limpa.

  3. Estrutura Jurídica: Seleção da estrutura jurídica mais eficiente para a empresa (por exemplo, sociedade limitada, empresa individual, sociedade anônima) visando a otimização tributária.

  4. Alocação de Lucros: Distribuição estratégica dos lucros entre diferentes jurisdições fiscais para aproveitar as menores taxas de imposto, em conformidade com as leis internacionais.

  5. Contratos de Leasing: Utilização de contratos de leasing em vez de compra de ativos, permitindo a dedução das parcelas de leasing como despesa operacional.

  6. Compensação de Prejuízos Fiscais: Utilização de prejuízos fiscais de anos anteriores para compensar lucros futuros, reduzindo a base de cálculo do imposto sobre o lucro.

  7. Contribuições para Planos de Previdência Privada: Investimento em planos de previdência privada que são dedutíveis do imposto de renda até um certo limite, proporcionando um benefício fiscal e planejamento para a aposentadoria.

  8. Reorganização Societária: Realização de fusões, aquisições, cisões ou reestruturações societárias com objetivos estratégicos, incluindo benefícios fiscais, sem infringir a legislação.

  9. Subcapitalização: Estruturação do financiamento da empresa por meio de dívida em vez de capital próprio, aproveitando a dedutibilidade dos juros pagos sobre a dívida.

  10. Utilização de Paraísos Fiscais: Embora controversa e sob crescente escrutínio internacional, a alocação de partes da operação em jurisdições com baixa ou nenhuma tributação (respeitando as regras de preços de transferência e evitando a erosão da base tributária) ainda é uma prática utilizada para redução de carga tributária.

  11. As possibilidades normativas são diversas. Recomendamos consultar especialistas tributários para a aplicação segura de tais estratégias.

O que é Evasão Fiscal

Por outro lado, a evasão fiscal envolve a prática ilícita de sonegar impostos, burlar as obrigações tributárias ou utilizar artifícios fraudulentos para reduzir indevidamente a carga tributária. 

Diferentemente da elisão fiscal, a evasão fiscal viola as leis e regulamentos fiscais, representando um comportamento ilegal que pode resultar em sanções legais. A evasão fiscal prejudica a arrecadação do Estado e compromete a equidade fiscal.

Essa prática é considerada crime pelo Código Tributário Nacional e pode resultar em multas, juros e até mesmo em processos criminais por crime contra a ordem tributária.

É importante destacar que a evasão fiscal pode ser caracterizada por diversas condutas fraudulentas, como a omissão de receitas, a falsificação de documentos fiscais e a utilização de empresas de fachada para ocultar a verdadeira natureza das operações realizadas. 

Podemos citar alguns exemplos:

  1. Ocultação de Renda: Não declarar ou subdeclarar intencionalmente renda para evitar o pagamento de impostos sobre ela.

  2. Falsificação de Documentos: Criar ou alterar documentos e recibos para justificar despesas inexistentes ou menores receitas.

  3. Transações em Espécie Não Declaradas: Realizar transações comerciais ou pessoais em dinheiro vivo e não registrá-las oficialmente para evitar a tributação.

  4. Lavagem de Dinheiro: Ocultar a origem de dinheiro obtido por meio de atividades ilegais, fazendo parecer que vem de fontes legítimas para evitar tributação.

  5. Uso de Paraísos Fiscais para Ocultar Ativos: Transferir dinheiro ou ativos para contas em países com regimes fiscais lenientes, visando esconder esses ativos das autoridades fiscais.

  6. Manipulação de Preços de Transferência: Estabelecer preços artificiais em transações entre empresas do mesmo grupo econômico em diferentes países para transferir lucros para jurisdições de baixa tributação.

  7. Sonegação de Imposto de Renda: Não declarar ganhos pessoais ou corporativos corretamente para evitar a tributação adequada.

  8. Fraude em Reembolsos de Impostos: Solicitar reembolsos de impostos de forma fraudulenta, como inflacionar despesas dedutíveis ou reivindicar créditos fiscais não devidos.

  9. Emprego de Trabalho Não Declarado: Contratar trabalhadores sem formalizar a relação de emprego, não recolhendo os impostos e contribuições sociais devidos.

  10. Criação de Empresas Fantasma: Utilizar ou criar empresas sem atividade real para emitir notas fiscais falsas ou lavar dinheiro, visando reduzir o lucro tributável de outra empresa.

Relembramos que tais práticas são consideradas ilícitas e podem resultar em procedimentos criminais.

Lacunas e Ambiguidades

O sistema tributário brasileiro é caracterizado por diversas lacunas e ambiguidades na legislação tributária, o que pode gerar dúvidas e incertezas para os contribuintes. 

Essas lacunas podem ser exploradas por meio da elisão fiscal, que é a prática de reduzir a carga tributária de forma legal, por meio de planejamento tributário.

No entanto, é importante destacar que a elisão fiscal deve ser realizada de forma ética e dentro dos limites da lei, para evitar problemas com a Receita Federal. A elisão fiscal é uma prática legítima e faz parte do planejamento tributário, mas deve ser realizada com cautela e dentro dos limites da lei.

Incentivos e Desenvolvimento Econômico

O sistema tributário brasileiro também oferece diversos incentivos fiscais para estimular o desenvolvimento econômico em determinadas áreas do país. Esses incentivos podem ser utilizados por empresas que desejam investir em regiões menos desenvolvidas do país ou em setores específicos da economia.

No entanto, é importante destacar que esses incentivos fiscais devem ser utilizados de forma ética e dentro dos limites da lei, para evitar problemas com a Receita Federal. A utilização inadequada desses incentivos pode ser considerada evasão fiscal, que é a prática de não pagar tributos devidos.

Procedimentos e Fiscalização

A comparison between tax evasion and tax avoidance, with one path leading to illegal activities and the other involving legal methods

O Papel do Contador

O contador tem um papel fundamental no processo de elisão fiscal, que consiste em buscar alternativas legais para reduzir a carga tributária das empresas. 

Para isso, ele deve estar sempre atualizado sobre as mudanças na legislação tributária e conhecer as brechas legais que permitem a redução de impostos.

Além disso, o contador deve orientar os seus clientes sobre a importância de manter a contabilidade em dia e de manter todos os registros contábeis e fiscais em ordem. 

Dessa forma, é possível evitar problemas com a fiscalização e garantir que a empresa esteja em conformidade com as obrigações tributárias.

Mecanismos de Controle

Para evitar a evasão fiscal e o crime tributário, existem diversos mecanismos de controle que são utilizados pelos órgãos fiscalizadores, como a Receita Federal e as Secretarias de Fazenda Estaduais. 

Entre eles, destacam-se:

  • O cruzamento de dados: consiste em comparar as informações fornecidas pelas empresas com outras fontes de informação, como notas fiscais eletrônicas, declarações de imposto de renda, entre outras.

  • A fiscalização presencial: quando os fiscais vão até a empresa para verificar a veracidade das informações prestadas.

  • O pagamento de impostos: é importante que as empresas paguem corretamente os impostos devidos, evitando assim problemas com a fiscalização.

  • A sonegação de impostos: é considerada um crime tributário e pode resultar em multas e até mesmo em prisão

Em resumo, é importante que as empresas busquem alternativas legais para reduzir a carga tributária, mas sempre respeitando as obrigações tributárias e evitando a sonegação de impostos. 

Para isso, é fundamental contar com a orientação de uma equipe qualificada e manter todos os registros contábeis e fiscais em dia.

Perguntas Frequente

Quais são os exemplos práticos de evasão e elisão fiscal?

Evasão fiscal pode ocorrer por meio da omissão de rendimentos ou falsificação de documentos, enquanto a elisão fiscal envolve a utilização de estratégias legais para reduzir a carga tributária, como investimentos em previdência privada ou ações.

Qual é a diferença legal entre sonegação e evasão fiscal?

A evasão é utilizar estratégias e ações ilegais para evitar o pagamento de tributos, e pode resultar em diversos crimes. A sonegação fiscal é um desses crimes e ocorre quando o contribuinte omite informações ou apresenta dados falsos com o intuito de pagar menos tributos. Em resumo, Evasão fiscal é o gênero abrangente, enquanto a Sonegação Fiscal é espécie dentre desse gênero. 

Como é caracterizada a evasão fiscal no Brasil?

No Brasil, a evasão fiscal é caracterizada como um crime contra a ordem tributária, sujeito a penalidades e multas, podendo resultar em processos judiciais e sanções administrativas.

Quais são os métodos legais de elisão fiscal?

Métodos legais de elisão fiscal incluem a utilização de incentivos fiscais, planejamento sucessório, e a adoção de estratégias de investimento que visam reduzir a carga tributária de forma lícita.

Quais as consequências jurídicas da elisão fiscal inadequada?

A elisão fiscal inadequada pode resultar em autuações fiscais, multas, e processos judiciais, caso sejam identificadas práticas abusivas ou ilegais na redução de impostos.

Em que contextos a elisão fiscal é considerada lícita?

A elisão fiscal é considerada lícita quando realizada por meio de estratégias e planejamentos tributários que estejam de acordo com a legislação vigente, evitando práticas abusivas ou ilegais.

 

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